Por: Pietro Barreto
Se você já gerencia campanhas no Google Ads ou acessa com frequência a aba de recomendações da plataforma, provavelmente já se deparou com o famoso alerta: “Use correspondência ampla para reduzir o CPA”.
Essa recomendação, que pode parecer inofensiva ou até vantajosa à primeira vista, esconde armadilhas que podem prejudicar seriamente os resultados da sua campanha — especialmente se o seu objetivo for gerar leads qualificados.
Neste artigo, explico os diferentes tipos de correspondência, os perigos da correspondência ampla, e em que casos vale (ou não) a pena usá-la.
O que são correspondências de palavras-chave no Google Ads?
As correspondências de palavra-chave são configurações que determinam como e quando seus anúncios serão exibidos de acordo com os termos pesquisados pelos usuários. Elas ajudam o Google a entender o nível de flexibilidade que você está disposto a aceitar nas buscas.
As três principais correspondências são:
- Exata
- De frase
- Ampla
Correspondência exata
Ao usar colchetes como [palavra chave], você indica ao Google que deseja que o anúncio só apareça quando o termo pesquisado for exatamente igual ao que você configurou, sem variações.
Vantagens:
- Altamente qualificada
- Ideal para fundo de funil
- Maior controle sobre o orçamento
Desvantagem:
- Menor volume de cliques
Correspondência de frase
Neste formato, usamos aspas: “palavra chave”. O anúncio será exibido sempre que a sequência exata de palavras aparecer na mesma ordem, mesmo que haja outros termos antes ou depois.
Vantagens:
- Capta variações relevantes
- Boa combinação entre alcance e qualificação
- Facilita testes com palavras-chave negativas
Risco:
O anúncio pode aparecer em buscas que contêm a frase, mas com intenções completamente diferentes.
Correspondência ampla
É o tipo de correspondência mais aberta: você simplesmente digita a palavra-chave sem aspas nem colchetes.
O Google entende que seu anúncio pode ser exibido em qualquer busca relacionada, mesmo que vagamente, ao termo escolhido.
Exemplo:
Se você anunciar pesquisa de palavras chave, seu anúncio pode ser exibido para:
- “pesquisa eleitoral”
- “como trocar chaves”
- “palavras cruzadas”
O problema:
Isso abre espaço para um enorme desperdício de verba, já que você perde o controle sobre a intenção real da busca.
Por que o Google recomenda a correspondência ampla?
Nos últimos anos, o Google Ads passou a incentivar com força o uso de correspondência ampla. A justificativa? Redução do custo por ação (CPA) e melhoria do desempenho com ajuda da inteligência artificial.
E de fato, em alguns casos, o CPA realmente diminui. Mas o que o Google não menciona com clareza é o efeito colateral disso: a geração de leads desqualificados, que não avançam no funil de vendas.
Por que correspondência ampla pode ser um problema na captação de leads?
A inteligência artificial do Google consegue otimizar seus anúncios com base nas ações configuradas (cliques, envio de formulários, etc). O problema é que ela ainda não interpreta corretamente a intenção da busca nem o estágio do funil do usuário.
O resultado? Você passa a receber:
- Mais cliques irrelevantes
- Leads curiosos ou não compatíveis com sua oferta
- Custos ocultos que afetam o ROI da campanha
Quando vale a pena usar correspondência ampla?
Apesar de todos os riscos, a correspondência ampla pode ser útil em alguns cenários específicos:
1. Campanhas de vendas online
Em e-commerces ou cursos online, a conversão acontece na própria plataforma. Mesmo que o anúncio seja exibido para termos irrelevantes no início, com o tempo o Google ajusta o foco para termos que geram mais vendas.
Vale testar campanhas com outros tipos de correspondência para comparar o CPA e o ROI.
2. Campanhas de exposição de marca
Se o seu objetivo é estar presente em todas as buscas relacionadas ao seu nicho, independentemente da intenção de compra, a correspondência ampla pode ajudar a aumentar a visibilidade.
Exemplo: Uma marca de sapatos que quer aparecer sempre que alguém buscar por “sapato” — mesmo que a busca seja “como ressolar sapato”.
3. Descoberta de novas oportunidades
Se você já domina os termos mais diretos (fundo de funil) e quer testar variações ou oportunidades ainda não exploradas, a correspondência ampla pode ajudar.
Recomendação: monitore os termos de pesquisa e aplique palavras-chave negativas com frequência para evitar desperdícios.
Conclusão: Não confie cegamente nas recomendações do Google Ads
Nem tudo que o Google recomenda está 100% alinhado com os seus objetivos de negócio. Muitas vezes, essas sugestões visam aumentar seu gasto na plataforma — e não, necessariamente, seus resultados financeiros reais.
A correspondência ampla no Google Ads deve ser usada com critério. Para captação de leads, o mais seguro ainda é usar correspondências de frase e exata, que garantem mais controle sobre a qualificação do tráfego.
Próximo passo
Em breve, vou compartilhar outras recomendações do Google Ads que podem mais atrapalhar do que ajudar nas suas campanhas — e como você pode usá-las de forma estratégica (ou ignorá-las com segurança).
Por: Pietro Barreto